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M C C - MOVIMENTO DE CONSCIENTIZAÇÃO DA CIDADANIA

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MANIFESTO

Movimento de Conscientização da Cidadania

M C C


MANIFESTO CONTRA A IMPUNIDADE !!!!!!


Quanta inversão!

Que modo de pensar equivocado e passivo é este que estamos assumindo e que não nos leva a outra coisa senão à banalização daquilo que é hediondo? Como é possível querermos justificar ou explicar que alguém morreu porque não deveria ter reagido? Como é possível afirmarmos que não reagir é uma “dica padrão para sobreviver”? Que raciocínio absurdo é este que defende que somos culpados por possuirmos objetos de valor, se até cabelo já foi moda roubarem para fazer perucas? Quais são os parâmetros e os limites?

Não vamos inverter as coisas e os papéis e admitir como natural e aceitável em nosso dia-a-dia sermos assaltados, atacados, mortos. Não saímos de casa achando que vamos morrer na próxima esquina, ainda mais à luz do dia, às 9:30h da manhã. Os três predadores não, estes saíram para caçar e preparados para matar ou morrer. As balas dentro de suas armas já não estavam perdidas, pois achariam um destino certo: qualquer um de nós! Perdidos estamos nós, e não as balas! Nós, fáceis presas, seremos sempre pegos desprevenidamente, de surpresa, e é exatamente isto o que significa “de assalto”! Nossa reação será sempre instintiva e imprevisível. Mais do que isso não se deve ousar afirmar para não se incorrer no absurdo!

A questão é que os facínoras executores agem com frieza porque sabem muito bem que têm a benção e a prerrogativa da impunidade. Sabem tão bem, que diante do inaceitável fracasso de voltarem para casa de mãos abanando e sem a motocicleta, não hesitaram em deixá-la destruída ao chão e ao lado dela o corpo moribundo de Ricardo, que não tardaria em fenecer para dar lugar inevitavelmente à morte, pois a vida já lhe havia sido roubada, pelo menos a vida, levada como recompensa mínima pelo esforço que houvera sido frustrado por parte daquele que “não deveria ter reagido”. Como assim? Não podemos continuar aceitando inertes que mais uma vida valha apenas o preço de uma lição como se fosse um generoso ensinamento: não reajam! E quantos se foram e irão ainda sem mesmo reagirem? Não podemos mais aceitar que os expertos em segurança pública nos digam que não devemos reagir! É hora de nos conscientizarmos de nossos direitos e deveres e nos mobilizarmos no sentido de alterarmos definitivamente o curso de acontecimentos que estamos aceitando como “naturais” e deixando que se tornem completamente banais. Não podemos mais admitir ouvir coisas como “mas ele reagiu”, “deu mole no sinal”, “vacilou em passar por ali”, “pediu para ser roubado”, “quem mandou não fechar o vidro?”, etc. tudo isto é inversão! É uma inversão alterar uma lei de trânsito para permitir o avanço do sinal vermelho depois de uma determinada hora e achar que isso é uma importante solução para diminuir a violência. É uma inversão nos colocarmos atrás das grades e acharmos que isso é assim mesmo. Não, nada disso é assim mesmo. Tudo pode ser diferente e mudado, mas tudo tem que começar pelo nosso pensamento, pelo nosso modo de pensar, sem que ninguém precise nos convencer que há algo errado, pois isto nós já sabemos. Então, o que está faltando? Por que não reagirmos por condições mais dignas e paramos de aceitar trocar o viver pela barganha do sobreviver?

Não podemos mais aceitar que a vida continue sendo apenas um dado estatístico representada por um número percentual qualquer, dando-nos a sensação de que estarmos fora da lista vermelha é sinal de que estamos nos comportando bem e não reagindo, pois esta parece ser a solução ideal. Isto é mais uma inversão com o aval de números falsos com pretensão de científico, pois a vida quando vai, se esvai por inteiro, toda, em seus 100%, e a dor que deixa extrapola esta medida porque não cabe no peito, não faz sentido e não tem a menor lógica.

Assim não pode mais continuar.

Temos que nos unir com a certeza de que esta é uma luta de todos e esta para além de quaisquer diferenças que se queira apregoar, pois a dor que chega e que fica desconhece cor, raça, credo, sexo, classe social ou qualquer outra classificação que só serve para impedir que nos unamos indistintamente. A dor da perda de um filho, como a de qualquer ente querido, nos iguala a todos. A única coisa que conta e está em jogo é a nossa vida e a deles nas mãos de criminosos.

Criminosos e não-criminosos: qualquer outra distinção, não há de ser feita!

Temos que dar um basta!

Temos que nos unir, e reagir, e agir, e mudar. Mudar nosso modo de pensar e de agir pela reeducação de nós mesmos, caso contrário, qualquer outra educação que se tente corre o risco de se tornar inócua.

Não aprendamos e ensinemos mais a lição da inércia permitindo e aceitando o absurdo como normal. Isto é inversão! Estamos nos deixando enganar quando aceitamos e repetimos sem refletir que tudo é assim mesmo como está e que temos apenas que nos adaptar!

Engano, perigoso engano!

Estamos vivendo e permitindo um terrorismo psicológico exercido por parte dos marginais e também de muitas autoridades, que o medo e o pânico estão nos isolando e nos fazendo cada vez mais individualistas, cada vez menores, cada vez mais inexpressivos, o que só faz com que a voz de poucos desvirtuados, os verdadeiros fracos, seja mais forte e soberana do que a nossa e nos domine.

Enquanto continuarmos pensado e agindo assim, de maneira invertida, não exerceremos a cidadania que temos o direito e o dever de exercer e estaremos assinando nossa sentença de morte, ou, quando muito, e na melhor das hipóteses, de nossa sobrevivência.

Marco Antônio Gambôa


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